segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Capítulo III

Capítulo III
À medida que se se aproximava sua visão ficava mais clara. Não era uma miragem. Havia, mesmo, água. Tinha alguém se banhando na água; longos cabelos ruivos. Uma mulher? Sim, uma mulher.
Ele estava a alguns passos do oásis. Se aproximava devagar. A mulher já havia percebido sua presença, mas não demonstrava nenhuma reação quanto a isso, apenas o fitava (o que o deixava ainda mais constrangido). Aquele era um encontro que Sarah não precisava saber. Nervoso, se aproximou da água de cabeça baixa, saciou a sede, encheu o cantil e estava pronto pra ir embora. Estupidamente levantou a cabeça para acenar e se despedir. Viu que ela falava alguma coisa, mas ele não escutava. Disse isso à ela, mas ela apenas o encarou como se também não tivesse escutado. Ela se aproximou dele. Seu coração começou a bater mais forte, mas aliviou quando ela apenas desenhou na areia.
Uma sereia. Melhor, uma sereia no deserto, não é uma coisa que se vê todos os dias. Aliás, não é uma coisa que se vê.
A ideia de ficar e relaxar começava a se tornar cada vez mais atrativa. Estava a três dias caminhando sob o sol escaldante. Ali havia sombra, água fresca e a companhia de uma linda mulher; poderia satisfazer algumas de suas necessidades por algum tempo. NÃO; Não poderia. Tinha que ir embora dali e seguir seu caminho. Mas, qual era o seu caminho? Será que tinha rumado certo por três dias? Ao se fazer essas perguntas ele lembrou da moça na água; ela ainda estava o olhando e esperando uma resposta. Ele não sabia quanto tempo estava perdido em pensamentos, mas tinha que lhe dar uma resposta. "Óbvio, a água desse oásis vem de algum lugar. Um lugar com água certamente tem civilização".
Ele desenhou na areia alguns prédios, ela pareceu não entender. Ele desenhou uma casa, ela teve a mesma reação de antes. Ele apagou os seus outros desenhos e desenhou uma pessoa, agora ela parecia estar em dúvida. Ele desenhou mais duas pessoas. Havia agora um trio desenhado na areia, ela prontamente se virou para o lado e apontou em uma direção. Era pra lá que ele tinha que ir. Ele acenou com a mão em despedida, ela apenas sorriu de volta. Há muito tempo que Joshua não via alguém sorrir, e não sentia o calor reconfortante da imagem de um sorriso.
Partiu na direção que a sereia havia apontado. Agora na sua cabeça ele via a imagem do trio de pessoas desenhadas na areia. Aquela lembrança era importante para ele: um trio, o mesmo número de amigos que há algumas noites estavam bebendo num bar. Porém, ele tinha a lembrança de uma quarta pessoa junto com eles. Seu pensamento foi se tornando mais claro, agora ele via a quarta pessoa. Era Sarah. Sarah estava com eles no bar. Com esse pensamento, lhe voltou a sensação ed que tinha feito algo de muito errado.
Olhou pra trás. O oásis era apenas uma visão ao longe. Já tinha tomado uma boa distância, a cidade devia estar próxima. A lua minguante já brilhava no céu, mas aquela noite ele tinha decidido que não iria dormir até encontrar algum traço da civilização.

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